quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sufocos da maternidade

Enquanto estamos grávidas, e se não houver azares de maior pelo caminho, imaginamos tudo perfeito. Uma gravidez perfeita, um parto perfeito, um bebé perfeito, um filho perfeito… Não sei se será das hormonas, se será do amor que nos invade o peito e que por ele transborda. Mas temos uma tendência a ver a vida mais colorida, mais bonita, mais verde e esperançada, mais optimista.
Até ao dia em que algo mexe ou ameaça mexer com o nosse bebé. Conosco tudo bem. Mas se surge algo no horizonte capaz de afectar o nosso bebé, aí pára tudo e acaba-se o optimismo. A alegria e a bolha cor-de-rosa transforma-se num mar de trevas, parece que o mundo vai desabar sobre nós e que  todas as coisas que possam correr mal vãoe fectivamente correr mesmo mal.

Num fórum de mães, uma delas entrou em trabalho de parto mais de um mês antes do previsto e, inicialmente a coisa até estava a ser divertida, com relatos constantes do que estava a suceder mas, abreviando a história,  o bebé nasceu mas teve de ir para a incubadora e depois para a lâmpada. Não é nada grave, é um facto. Mas carambas, esta mãe sonhou durante oito meses com o nascimento do seu pequeno tesouro, com o momento em que o abraçaria e beijaria com todas as forças, e nada disto fazia parte do plano.

E eu sou mãe. Tenho um pequeno terrorista dentro de mim que gosta de me dar cabo dos nervos,  de me preocupar, de me afligir só com a mais ínfima ideia do que lhe possa acontecer.  Tenho tanto medo de passar por aquele sofrimento inicial que, mesmo não significando nada de especial, é capaz de nos trucidar e deixar-nos desfeitas em cacos. Agora, por ele, tenho medo de tudo e de todos mas, acima de tudo, tenho medo de mim, da pessoa que sou e da que vou ser. De não o proteger o suficiente,  de não o amar o suficiente,  de não saber cuidar dele, entrndê-lo, ajudá-lo... 
É realmente avassaladora toda esta mudança em nós, que vai muito mais além do corpo, das formas, das roupas e das hormonas. Mas mais avassalador ainda é tomar consciência de que aconteceu e que não há um ponto de restauro; não se volta atrás e a vida nunca mais será a mesma. Gratificante é perceber que isso, apesar de nos assustar, não nos faz arrepender pois por nada deste mundo voltava atrás.. 

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