quarta-feira, 15 de maio de 2013

A Angelina...

Ontem tornou-se pública uma opção pessoal, familiar e de saúde da actriz, que aproveitou a sua história e o seu exemplo (de coragem) para incentivar outras mulheres e as fazer ver que não estão sozinhas e que há uma opção para "fugir" a certas doenças, em certos casos. Para mim, o que fez foi heróico e desde logo porque ela poderia ter feito tudo o que fez e ter permanecido no anonimato. Seria na mesma uma mulher de extrema garra e coragem, mas não seria incomodada com algo que é tão íntimo e perturbador.
Mas não. Sujeitou-se a pequenas humilhaçõe spúblicas, daquelas mesmo mesquinhas e deprimentes, pese embora obviamente ela~não esteja consciente delas. Se houve desde logo quem viesse saudá-la e apoiá-la pelo que fez, não faltaram pessoas a denegrir a sua imagem, a atribuir piadas de muito mau gosto (prefiro nem referir a do Nilton, que como em outros casos,m não conseguiu outra coisa senão roçar o ridículo e o pequeno - e não me venham com as tretas típicas de que é humor e que o humor é assim mesmo; há coisas e coisas e umas delas não devem ser susceptíveis de piadas de mau gosto.
Hou também quem viesse logo criticar porque ela tem dinheiro e pôde ir a boas clínicas, bons médicos. Pode pagar os tratamentos, a reconstrução. Ok. Em primeiro lugar, em Portugal isso também se faz, a custo zero para a mulher. Em segundo lugar, se a mulher tem dinheiro, não é normal que o use para defender o bem mais essencial que temos, a saúde? Esperem, seria muito melhor ela morrer de cancro e deixar um texto a explicar que apesar de ter dinheiro, para não ferir a susceptibilidade de terceiros, optou por morrer dignamente? Poupem-me. É que além do tratamento em causa ser tendencialmente gratuito na sua totalidade, mesmo que o não fosse, o seu testemunho de coragem serviria para, pelo menos, incentivar as mulheres que tivessem possibilidades e que poderiam não se sujeitar ao tratamento por medo.
Também já li que "é uma parvoíce" ela prometer aos filhos não morrer de cancro, porque pode morrer de qualquer outra coisa e tal e blá blá blá... Ora, parece-me óbvio que ela pode morrer a qualquer instante, nem que seja engasgada com um grão de arroz na garganta. Pode tropeçar, bater com a cabeça; pode ser atropelada por um camião, ter um acidente de carro. Ok, pode isso tudo. Mas nós, o comum dos mortais, também podemos ir desta para melhor a qualquer segundo e, como diz o povo, para morrer basta estar vivo. Ela garantiu aos filhos aquilo que a mãe dela não lhe pôde assegurar. E ela não prometeu morrer. Prometeu não morrer de cancro da mama. Acho que é bem diferente!

Mas pronto, por todo o mundo sei que as pessoas vão continuar a encontrar defeitos, quanto mais não seja por inveja e sentimentos do género. Eu cá lamento não ter a carteira dela, óbvio. Mas nem por isso deixo de considerar um acto de coragem o que ela fez, por ela e por todas as mulheres espalhadas pelo mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário